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28 abril 2006

Os Vampiros

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores - principescamente pagos - daquela instituição bancária.
A carta da CGD começa,como mandam as boas regras de marketing, por reafirmar o empenho do Banco em "oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço/qualidade em toda a gama de prestação de serviços", incluindo no que respeita "a despesas de manutenção nas contas à ordem".

As palavras de circunstância não chegam sequer a suscitar qualquer tipo de ilusões, dado que após novo parágrafo sobre "racionalização e eficiência da gestão de contas", o "estimado/a cliente" é confrontado com a informação de que, para "continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção", terá de ter em cada trimestre um "saldo médio superior a 1000€, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras" associadas à respectiva conta. Ora sucede que muitas contas da CGD, designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal. É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de 343,45€ - que para ter direito ao piedoso subsídio de 3,57€ (três euros e cinquenta e sete cêntimos!) foi forçado a abrir conta na CGD por determinação expressa da Segurança Social. Como se compreende, casos como este - e muitos são os portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza - não podem, de todo, preencher os requisitos impostos pela CGD e tão pouco dar-se ao luxo de pagar "despesas de manutenção" de uma conta que foram constrangidos a abrir para acolher a sua miséria.

O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com «obscenas» pensões (para citar Bagão Félix), a vir exigir a quem mal consegue sobreviver que contribua para engordar os seus lautos proventos. É sem dúvida uma sordície vergonhosa,como lhe chama o nosso leitor, mas as palavras sabem a pouco quando se trata de denunciar tamanha indignidade. Esta é a face brutal do capitalismo selvagem que nos servem sob a capa da democracia, em que até a esmola paga taxa.
Sem respeito pela dignidade humana e sem qualquer resquício de decência, com o único objectivo de acumular mais e mais lucros, eis os administradores de sucesso a quem se aplicam como uma luva as palavras sempre actuais dos "Vampiros" de Zeca Afonso:
"Eles comem tudo/eles comem tudo/eles comem tudo e não deixam nada".